Entrevista Dr. Sandro Cardoso, Diretor Geral da Cosmética Activa L’Oréal

Entrevista Dr. Sandro Cardoso, Diretor Geral da Cosmética Activa L’Oréal

Iniciamos a rúbrica “Degustação de experiências2021 com uma entrevista ao Diretor Geral da Cosmética Activa da L’Oréal Portugal, Dr. Sandro Cardoso, desta forma temos a perceção do Secretariado através da análise do Gestor, e ficamos a perceber de que modo se ajustou a empresa e as funções de Secretariado a esta realidade pandémica que persiste em não nos abandonar.


Antes de mais gostaríamos de agradecer a disponibilidade nesta participação com a ASP.

ASP: Assim, e de modo a informar os nossos associados sobre este tema da cosmética, gostaríamos de começar em modo mais informal, e pedíamos que nos desse a conhecer um pouco de si e de todo o seu percurso profissional.

Dr. Sandro Cardoso (SC): Bom dia, quero começar por saudar todos os associados e agradecer este convite. Nascido, criado e forte entusiasta de Lisboa, tenho 40 anos e sou pai de 3 rapazes. A minha grande fonte de energia são os momentos com a família/amigos e a prática de desportos vários desde o Padel ou até mesmo ao surf.

Estudei Gestão na Nova SBE, tenho 17 anos de experiência profissional em empresas com perfis/áreas de negócio distintas – TIMWE (digital content start-up), Vodafone, Danone e L’Óreal, com responsabilidades diversas em países dos quatro cantos do mundo. Já vivi em Amesterdão e Paris, e apesar de ter tido uma óptima experiência, só reforçou Lisboa como uma das cidades mais apaixonantes para se viver.

ASP: De que forma se manifestou o impacto da atual situação pandémica no negócio das marcas da Cosmética Activa? Percebeu se houve um decréscimo nas vendas dos produtos de beleza de uma maneira geral fora das marcas da Cosmética Activa? E relativamente à Cosmética ativa propriamente dita?

SC: O impacto da pandemia significou óbvias alterações no consumo de Beleza em Portugal, notámos um aumento no segmento de Higiene e Hidratação e um decréscimo por exemplo em maquilhagem. O mercado de Dermocosmética (Farmácia/Parafarmácia) deverá cair cerca de 10% em 2020, no entanto, para as marcas da Cosmética Activa – Vichy, La Roche-Posay, SkinCeuticals e Cerave – o cenário não foi tão negativo. Os consumidores optaram ainda por efetuar mais compras online e compraram menos vezes em lojas físicas em 2020 (mas com um cabaz superior em cada acto de compra).

ASP: Consegue dar-nos uma ideia geral de como se organizaram face a esta pandemia? Adaptando de repente a realidade profissional para teletrabalho? De que modo decorreu essa mudança e o que reteve dessa experiência?

SC: A urgência do momento levou-nos a prioritizar primeiro que tudo a segurança de toda a nossa equipa, posteriormente decidimos apoiar todos os nossos parceiros, principalmente aqueles que estavam na “frente de batalha”, como os farmacêuticos e os nossos médicos. Estou muito orgulhoso por todo o altruísmo, união, agilidade e resiliência que a nossa equipa demonstrou neste período.

Foi um ano muito diferente já que tivemos que nos adaptar às ferramentas digitais para comunicar e reunir, e num modelo de homeoffice (com todos os desafios familiares inerentes), mas acredito que numa fase pós pandémica existirá um maior equilíbrio entre as reuniões físicas e virtuais e numa nova flexibilidade de homeoffice.

ASP: Qual a importância que teve este processo de adaptação e quais foram as mudanças funcionais mais importantes nas tarefas da sua Secretária?

SC: As funções de secretariado foram sem dúvida críticas neste novo processo. Garantir a continuidade da colaboração entre os vários departamentos num formato 100% digital não era óbvio no inicio, mas uma forte agilidade e não ter receio de errar foram fundamentais para aprendermos este novo formato de colaboração.

ASP: Qual considera ter sido a relevância do desempenho da sua Secretária, em todo o processo de gestão neste período de pandemia que se vive?

SC: Relevância extrema para garantir que não ficavam pontas soltas. Eu tive mais reuniões de emergência do que nunca, e a minha secretária foi fundamental para garantir uma maior eficiência na operação como um todo: que eu estivesse apenas nas reuniões devidas (tomada de decisão).

ASP: Nas reuniões de vídeo chamada com a sua equipa percebeu se as suas colegas descuidaram um pouco a sua imagem? Em algum momento percebeu se houve falta de motivação para manter a imagem como se fossem trabalhar para o escritório?

SC: Tive pessoas na equipa com comportamentos e necessidades diferentes. No meu caso mantive as minhas rotinas tal como quando ia para o escritório (seja em termos de imagem seja de actividade física), tentei passar à equipa esta necessidade de garantir o bom “work life balance”.

ASP: No seu entendimento, que marcas deixará esta pandemia, em termos humanos e económicos na nossa sociedade?

SC: Dos diversos efeitos já conhecidos a nível humano, gostaria de realçar o ano perdido em que existiu uma menor interação física nas crianças, algo que receio que poderá outro tipo de efeitos mais a longo prazo. A nível económico existem várias industrias com fortes penalizações, no entanto acredito que quando for atingida a imunidade de grupo, prevista no 2º semestre de 2021, a retoma económica será mais rápida do que em Crises mais estruturais do passado.

ASP: De uma forma geral considera as mulheres portuguesas vaidosas? Acha que valorizam a beleza e a sua imagem?

SC: Sem dúvida que as mulheres portuguesas valorizam a sua imagem. E num período Pos-Covid, muito provavelmente existirão shifts em diversas categorias, por exemplo, higiene e hidratação de mãos serão segmentos com crescimentos esperados.

No entanto, as portuguesas irão continuar a passar pela Menopausa e com preocupações de skincare, os portugueses irão continuar a ter acne, queda de cabelo ou caspa. A pele atópica não deixará de ser uma preocupação para pais e crianças. As portuguesas que se maquilhavam antes não irão deixar de o fazer; algumas até encontraram na maquilhagem uma forma de expressão e de criação nesta fase de isolamento. No fundo, todos estes consumidores irão continuar a cuidar a sua saúde e beleza.

Na L’Oréal Cosmética Activa acreditamos que a beleza não é acessória. A Saúde é o futuro da Beleza impactando o bem-estar de muitos consumidores; caso contrário, por exemplo, não teríamos tantos neste momento, a alargarem a sua rotina de skincare com gestos mais sofisticados (máscaras de rosto, ampolas, séruns), nem a maquilharem-se mesmo sem sair de casa.

No seguimento do reajuste das nossas estratégias, as nossas marcas ganharam ainda maior proximidade e dando a “própria cara”, humanizaram-se. E acredito que todos estes exemplos de reinvenção serão ser decisivos na relação com o consumidor depois deste período. Cada vez mais o consumidor procura uma marca com a qual se identifique, não só com os seus produtos, mas com os seus valores e com a relevância nas suas vidas.